domingo, 21 de agosto de 2011

Poesia - Ave


Vomita em minha boca, pus que alimenta o passarinho.
Não voa, só tem um dente, te protege ó deliquente.
Reza pra que no abismo tenha uma corrente ascendente.
Talvez sobreviva se te esconder, ó covarde em teu ninho.

Aos humanos só interessa que preencha uma cartela.
Quando crescer acumulará a riqueza que tu estoca.
Terminarás teus dias em uma granja, ó ave choca!
Na manteiga, com farofa, frito, cozido, a cabidela.

Mesmo pequeno, te preservas, e não age como tolo...
Voa em bando, pois sabe que sozinho não conseguiu.
Ainda assim fica sozinho, pois desta maneira nao desistiu.
Útero perfeito, líquido, simétrico, nascido de um ovo.

E quando for ave...
piarás poemas caquéticos,
sim! esqueléticos, plainarão soltos em um verso.
Tua mente, pensamento cinético, retrocesso.
És o que diz, fala nada,
fala mais te peço...
Escreve, decolando a estrofe na reta.
Sou só, vida, morte, voa...
Poeta.

(Arllen Lira)